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Qual a importância de ser voluntário na maior Parada LGBT do Mundo?

Carlos Siqueira
Qual a importância de ser voluntário na maior Parada LGBT do Mundo?
Foto: A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é uma das maiores manifestações por Direitos Humanos do Mundo.

Com tema “Eleições – poder para LGBTI+, nosso voto, nossa voz”, a 22ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo será realizada no dia 3 de junho de 2018. Considerada a maior parada do mundo, o evento político é organizado pela ONG APOGLBT-SP, juntamente com outras ONG’s, militantes e outros setores da sociedade civil.

Em 1997, a primeira Parada LGBT era realizada em São Paulo, na Avenida Paulista, com o intuito de reunir gays, lésbicas, bissexuais, travestis, transexuais e toda a população que protestavam contra as violências e o preconceito. No ano seguinte, surgiu então a Associação do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT-SP), que ficou responsável pela organização do evento.

Hoje, a Parada LGBT de São Paulo é uma das maiores manifestações sociais que reivindica espaço e, sobretudo, tem como principal objetivo lutar por direitos humanos, o direito de existir e por respeito à diversidade.

Mas como que funciona a organização da maior Parada LGBT do Mundo?

A construção do evento é de maneira coletiva e conta com a participação de um corpo voluntariado. Portanto, desde a organização estrutural até a escolha do tema da parada, a associação depende de voluntários para discutir, organizar e fazer acontecer uma das maiores manifestações do planeta.

“É importante que as pessoas sejam voluntárias, pois tem muitas coisas para serem feitas na Parada de São Paulo. Sempre há uma contribuição positiva dos voluntários. Afinal, a direção da associação não dá conta de organizar tudo sozinha e a pessoa que se coloca à disposição para construir um evento político dessa magnitude sempre tem algo a contribuir”, diz Gabriel Morais, 19, estudante de relações públicas, que foi voluntário na Parada do ano passado, onde atuou na área de comunicação, e que, inclusive, está na construção do evento deste ano.

“Uma pessoa faz muita diferença na construção e organização da Parada, pois ainda há um número muito pequeno de voluntários para uma demanda de trabalho gigante”, conclui.

Para ser voluntário, basta visitar o site da associação e fazer um breve cadastro. Além disso, você pode se apresentar diretamente na associação e manifestar interesse em fazer parte do corpo voluntariado. Lá, os responsáveis irão apresentar de que maneira você pode contribuir.

O tema deste ano, por exemplo, foi discutido pela diretoria da associação, movimentos sociais, militantes do movimento LGBT e outros setores da sociedade, que também são voluntários para a tomada de decisões sobre esse quesito.

“Desde 2016, a Parada resolveu descentralizar essa questão de se trabalhar com o tema e, em razão disso, fizeram uma votação para elencar quais grupos de trabalho eram pertinentes para compor o corpo deliberativo que discutiriam o tema e o slogan”, diz Luiz Fernando Prado Uchoa, 34, jornalista, que faz parte do GT trans da Parada de São Paulo.

Durante muitos anos, a Parada era conhecida como “Parada do Orgulho Gay” e, até hoje, mesmo com a reivindicação dos grupos que compõe as outras siglas do movimento, e que a associação tenha construído uma manifestação mais plural, identitária e que dialogue com a comunidade LGBT+, ainda assim há uma tentativa de apagamento das outras siglas por parte de alguns setores (inclusive da imprensa), que não são atentos a importância de pautar a Parada como LGBT+ e não apenas gay, como vem operando no imaginário social.

“O imaginário popular vê tudo como gay. Isso é, em grande parte, culpa da imprensa que não busca se informar sobre os movimentos sociais. Além disso, há a questão do processo de educação que é absolutamente massificante: a formação integral do cidadão não é prioridade. Nem para apertar parafuso ela serve mais. Então, isso é só uma mera formalidade essa dita educação. Há também setores do movimento que não buscam se reciclar acerca das novas expressões de gênero, novas identidades e nem das novas orientações”, afirma Luiz Fernando.

A construção e a organização de um evento como esse, demanda tempo, responsabilidade e muito, mais muito trabalho. Por essa razão que é fundamental ser voluntário de uma manifestação que tem por objetivo dar continuidade numa luta histórica por direitos e, também, por reivindicar respeito à diversidade e ao direito de poder existir.

“As pessoas precisam entender que a Parada é ocupação das ruas. É naquele dia, naquela hora, que você aponta que estamos vindo de um acúmulo de lutas e mostra para a população o resultado desse trabalho. É festa, é alegria, mas essa festa e alegria para acontecer teve todo um histórico de lutas. Isso deveria acontecer sempre. As nossas afetividades e os nossos corpos deveriam ser ocupados nas ruas sem nenhum tipo de cerceamento. É dizer para as pessoas que a diversidade ela pode e deve conviver em harmonia. Essa é a importância de você emprestar o seu tempo e ser voluntário dessa causa”, conclui Luiz Fernando.

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