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Travestis e transexuais buscam capacitação para conseguir emprego formal

Bárbara Almeida
Travestis e transexuais buscam capacitação para conseguir emprego formal
Foto: Bárbara AlmeidaCurso capacita travestis e transexuais em Uberlândia.

Touca, avental e olhos atentos. Márcia, de 48 anos, tenta apreender cada detalhe passado pelo instrutor em uma das aulas do curso de organização de evento e cerimoniais que frequenta em Uberlândia. Mesmo com ensino médio completo e fluência em espanhol e italiano, a carteira de trabalho ostenta a data de março de 1989 como a da última assinatura. Transexual, Márcia busca em uma iniciativa oferecida pelo poder público a esperança de se inserir no mercado formal e fugir da estatística que coloca pessoas trans como reféns do subemprego e da prostituição.

De acordo com o Movimento Gay de Minas (MGM), mais de 90% da população trans está fora do mercado formal no Estado e grande parte ainda recorre à prostituição para garantir o sustento. Na cidade mineira, essa realidade não é diferente. São comuns os relatos de travestis e transexuais sobre a vivência de uma rotina de medo, violência, discriminação e falta de oportunidade.

Para tentar se inserir em uma vaga formal, Márcia e outras 11 pessoas, a maioria transexuais, participam de um curso de capacitação, que é batizado de “Tópicos de Organização de Eventos” e organizado pela Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese). As aulas iniciaram em agosto e são exclusivas para o público LGBT. A formatura está prevista para novembro.

O curso “Tópicos de Organização de Eventos” atende demanda de qualificação profissional levantada em audiência de Fórum Regional do Governo de Minas realizado em Uberaba em 2015. O curso, com carga horária de 140 horas, teve 20 vagas abertas para Uberlândia.

A indicação do tipo capacitação com maior demanda no Triângulo Mineiro surgiu do Grupo de Trabalho Políticas Trans MG, que foi criado em 2017 e conta com representantes de movimentos sociais LGBT. O grupo realizou pesquisa, por meio de formulário eletrônico, junto ao público trans da região, para conhecer as áreas de interesse.

A diretora do Sine (Sistema Nacional de Emprego) na cidade, Gleide Starling, que integra a equipe da Sedese no projeto, explicou que o próximo passo é fazer um cadastro no sistema e encaminhar uma carta de incentivo para empresas privadas com o objetivo de inserir o público LGTB no mercado de trabalho.

De acordo com o Governo Estadual, é a primeira vez que um curso de qualificação profissional específico para público LGBT é promovido pelo Estado. Para o projeto, foi feita uma licitação e novos cursos devem ser oferecidos em 2018- porém, as propostas ainda estão em fase de planejamento.

Ainda conforme o governo, os cursos de qualificação profissional têm como objetivo ampliar oportunidades de empregabilidade e geração de renda, e sensibilizar o empresariado para contratação. Os alunos são incentivados a se tornarem microempreendedores individuais, ou se organizarem em empreendimentos coletivos.

© Portal Gay1

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