Brasil

Travestis e transexuais passam a contar com ambulatório específico no DF

Agência Brasília
Travestis e transexuais passam a contar com ambulatório específico no DF
Foto: Pedro Ventura/Agência BrasíliaInaugurada nesta segunda (14), unidade na 508/509 Sul tem equipe multiprofissional para atender travestis e transexuais.

Travestis e transexuais terão atenção à saúde redobrada no Distrito Federal. Inaugurado nesta segunda-feira (14), o Ambulatório Trans contará com equipe multiprofissional para garantir a população trans o acesso integral à saúde pública. O serviço, primeiro do DF, funcionará no Hospital Dia, da 508/509 Sul.

A unidade abrirá as portas para atendimento em 21 de agosto e contará com assistência em psicologia, psiquiatria, serviço social, endocrinologia e enfermagem. No entanto, a partir de amanhã, haverá atendimento para a formação dos grupos de acolhimento. Depois, a ideia é ampliar o atendimento para especialidades como ginecologia e urologia.

O governador Rodrigo Rollemberg, acompanhado da esposa, Márcia Rollemberg, participou da solenidade de inauguração. “Estamos dando mais um passo importante para uma Brasília cidadã. O que estamos fazendo hoje é um gesto de cidadania, tirando as pessoas da escuridão e colocando luzes sobre essa diversidade, que tem que ser reconhecida, respeitada e valorizada”, discursou o chefe do Executivo.

Como acessar os serviços do Ambulatório Trans

Para acessar os serviços, as pessoas interessadas devem se dirigir à unidade de segunda a sexta-feira, das 7 horas ao meio-dia e das 14 às 16 horas, e agendar a participação nos grupos de entrada.

Os usuários do ambulatório serão encaminhados pelas unidades básicas de saúde, pelo Centro de Referência Especializado da Diversidade Sexual, Religiosa e Racial (Creas Diversidade), por busca espontânea ou por intermédio de grupo de entrada, que absorverá a demanda inicial, já quantificada em cerca de 200 pessoas.

Para viabilizar o serviço, foi criado um grupo de trabalho que atua desde agosto de 2016. Os integrantes do colegiado são:

  • Secretaria de Saúde
  • Defensoria Pública do DF
  • Defensoria Pública da União
  • Creas Diversidade
  • Movimentos sociais como o Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (Ibrat) e a Associação do Núcleo de Apoio e Valorização à Vida de Travestis, Transexuais e Transgêneros do Distrito Federal e Entorno (Anavtrans)

Presente à inauguração, a decoradora de eventos Kyara Zaruti, mulher trans de 29 anos, considera a conquista muito importante para a vida e a saúde das pessoas travestis e transexuais. “Hoje, para termos acesso a um endocrinologista, é muito difícil, por isso várias pessoas começam a se medicar por conta própria.”

Travestis e transexuais passam a contar com ambulatório específico no DF
Foto: Pedro Ventura/Agência BrasíliaO governador Rodrigo Rollemberg participou da solenidade de inauguração.

Ela conta que esperou seis meses por uma consulta com um especialista e disse que pretende transferir o acompanhamento para o ambulatório.

“É esse profissional que vai dar as recomendações dos hormônios que cada pessoa precisará tomar. Ele é a chave para todo o processo”, explicou, ao se referir à importância dessa especialidade médica para o público-alvo da unidade de saúde recém-inaugurada.

O projeto é uma parceria das Secretarias de Saúde e do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos. Conta ainda com apoio da Defensoria Pública do DF e de entidades da sociedade civil.

Segundo o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, o ambulatório atende ao princípio de equidade determinado pelo Sistema Único de Saúde. “Ele atende às necessidades específicas dessas pessoas.”

Fonseca adiantou que em duas semanas será apresentada a linha de cuidados para pessoas trans, que deverá ser aprovada em consulta pública. A expectativa é que depois disso também haja a padronização dos medicamentos necessários.

Militante e uma das fundadoras da União Libertária de Travestis e Mulheres Transexuais, Melissa Massayury caracterizou a entrega como algo histórico. “A transição de gênero é o momento mais libertador na nossa vida, e poder contar com a hormonoterapia com uma equipe qualificada é fundamental”, disse. “Muitos ainda fazem esse tratamento de forma clandestina, e nós sabemos o quanto é perigoso.”

© Portal Gay1

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo