Economia

Ex-policial chinês cria império com app gay e já mira rivais como Grindr

POR JAVIER C. HERNANDEZ

Ex-policial chinês cria império com app gay e já mira rivais como Grindr

Foto: Adam Dean/The New York Times

Chinês Ma Baoli, fundador do aplicativo de encontro gay Blued.

Ma Baoli estava acostumado a segredos. De dia, ele era policial no norte da China, casado e conhecido por sua eficiência na busca a criminosos. De noite, levava a vida de um homem gay e operava furtivamente um site para homossexuais de toda a China.

Por 16 anos, Ma manteve o segredo, preocupado com a possibilidade de que sair do armário viesse a significar a expulsão da polícia e o distanciamento da família. Até que um dia, em 2012, seus superiores na polícia descobriram seu site e ele se demitiu.

Com a perda do emprego e as dificuldades da família de aceitar sua sexualidade, Ma decidiu fazer de sua paixão por facilitar a conexão entre os pessoas do mesmo sexo um império.

Ele criou o Blued, o mais popular aplicativo de encontros gays da China, com valor de mercado de US$ 600 milhões e mais de três milhões de usuários ativos, público semelhante ao do Grindr, um dos mais populares apps de encontros gays dos EUA.

Ma, 39, disse que considera sua missão trabalhar para legitimar os relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo, em uma era em que os gays continuam a enfrentar discriminação, especialmente na China.

“No passado, as pessoas nem mesmo falavam sobre homossexualidade, porque achavam que era algo sujo, imundo”, afirmou.

Ma também vê uma oportunidade de negócios na chamada economia rosa da China, já que mais e mais pessoas desejam gastar dinheiro em sites de mídia social, entretenimento e viagens voltados para o público LGBT.

O poder de consumo de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais da China é estimado em US$ 460 bilhões, o que faz delas o maior mercado da Ásia, nesse segmento, segundo consultorias.

Mas traduzir os instintos de Ma na forma de um modelo de negócios duradouro tem se mostrado desafiador.

Como no caso de muitas start-ups promissoras de tecnologia na China, o Blued está apenas começando a registrar lucro. A maioria de seus serviços, como chats e vídeos ao vivo, é gratuita. Atrair publicidade continua difícil, e algumas empresas relutam em se ver associadas a um serviço voltado ao publico LGBT.

Ma agora tem em mira mercados internacionais, com a esperança de desafiar empresas estabelecidas como o Grindr e Hornet. Para isso, em um amplo escritório em Pequim, decorado com fotos de homens em trajes sumários, ele comanda uma equipe de cerca de 200 funcionários.

Ao descrever o o desafio de criar uma start-up de sucesso na China e a luta do movimento pelos direitos LGBT, ele cita seu ídolo, Jack Ma, fundador do Alibaba.

“Nos momentos dolorosos, me lembro do que Jack Ma disse: ‘Hoje é difícil, amanhã será pior, mas depois de amanhã o sol vai brilhar’.”

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