Casos de HIV entre jovens gays de 15 a 19 anos triplicam em dez anos
Estudo traz uma série de razões por trás do aumento, como o fortalecimento do apoio de grupos conservadores.
Uma pesquisa feita sob encomenda do Ministério da Saúde e divulgada pela revista “Medicine” aponta para um alarmante aumento dos casos de HIV/Aids entre gays e bissexuais masculinos no país, sobretudo entre jovens. A pesquisa avaliou 4.176 homens que fazem sexo com homens em 12 cidades, sendo que 3.958 (90,2%) passaram por testes de HIV. No resultado geral para todas as regiões, 18,4% dos resultados deram positivo. O número encontrado numa pesquisa similar feita em 2009 foi de 12,1%.
O estudo selecionou entre cinco e sete pessoas em cada cidade, chamadas de “semente”, para serem entrevistas e testadas duas vezes em 2016. Cada indivíduo de cada grupo indicou, então, outras pessoas para participar e assim por diante.
São Paulo com maior taxa
São Paulo apresentou a maior taxa de infectados com HIV: 24,8%, seguido de Recife (21,5%), Curitiba (20,2%) e Belém (19,20%). O Rio de Janeiro vem em quinto lugar, com 15,3%, quase o mesmo índice Manaus (15,1%).
A pesquisa relata que de 2010 a 2015, o Brasil passou a integrar os países da América Latina e Caribe onde a infecção do HIV entre adultos aumentou, segundo dados de 2016 da Unaids, a agência das Nações Unidas para o combate à Aids. O país responde por 41% do total de novos casos entre sete países: Argentina, Venezuela, Colômbia, Cuba, Guatemala, México e Peru.
Menos campanhas de prevenção
O estudo traz uma série de razões por trás do aumento da incidência do HIV no país. Um deles é o esvaziamento de campanhas de prevenção destinadas ao público de homens que fazem sexo com homens. No setor privado, a pesquisa menciona a perda de financiamento de organizações não-governamentais, o que levou ao fechamento de várias delas. Já no âmbito público, o fortalecimento do apoio de grupos conservadores, com as chamadas bancadas da “bala, boi e Biblía”, desmerece a inclusão da agenda em torno da sexualidade e gênero e reduz o apoio a políticas voltados para o universo LGBT.
Além disso, os pesquisadores citam mudanças no comportamento sexual, principalmente dos jovens. Entre elas, está o avanço de tecnologias que ampliou as formas de interação através de aplicativos, muitos deles voltados para relacionamentos, como Grindr e Hornet.
Outro ponto levantado pela pesquisa é a emergência de um tipo de slogan que permeia o universo jovem: “Aids não me assusta mais”. Por trás dele, está o cenário de avanço no tratamento da síndrome, propiciado pelo surgimento de antiretrovirais e iniciativas de prevenção, como a PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), que resultaram numa abordagem médica que trata a infecção do HIV como uma condição crônica ao longo da vida.
Sempre tem que ter cuidado galerá…… O bonitinho hoje se torna feio amanhã!! Então camisinha nele e se não tiver “beijinho no ombro”. Saúde é o que interessa.