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Vítimas de homofobia, jovens são agredidos e expulsos de shopping em Florianópolis

Juliana Gomes
Vítimas de homofobia, jovens são agredidos e expulsos de shopping em Florianópolis
Foto: Reprodução/WhatsAppJovem mostra marcas nas costas após ser vítima de homofobia em shopping.

Dois rapazes e duas garotas, com idades entre 24 e 26 anos, dizem que foram impedidos pela segurança de entrar em um shopping de Florianópolis na noite de sábado (6) e agredidos. Um deles afirma que eles foram discriminados por serem gays e lésbicas. A assessoria do Beiramar Shopping informou que eles “estavam gritando e cantando músicas com palavras e gestos ofensivos” e houve conflito verbal e físico com os seguranças. O grupo foi levado à delegacia.

Vídeos com a ação dos seguranças tiveram diversos compartilhamentos nas redes sociais neste domingo (7). O caso foi registrado por volta das 21h30 de sábado.

“Nós quatro somos homossexuais e nossa aparência incomodou os seguranças. Estávamos animados, cantando e fomos abordados antes de conseguir dar cinco passos dentro do local”, contou um empresário de 26 anos que estava entre o grupo e prefere ter a identidade preservada.

Agressões

Segundo o rapaz, uma das amigas que o acompanhava foi derrubada pelo pescoço. “Quando tentei defendê-la, fui pego pelo braço e levado por cinco seguranças para uma sala, dentro do shopping a essa altura já fechado. Do lado de fora, meus amigos começaram a gritar pelo meu nome. Enquanto isso, os seguranças nos acusaram de usar palavras de baixo calão, mas não é verdade. Disseram que receberam reclamação de clientes, mas é mentira, havíamos acabado de chegar. Nós fomos vítimas de discriminação, porque somos diferentes, porque meus amigos têm tatuagens e somos homossexuais”, contou.

O jovem enviou à reportagem imagens do corpo com machucados nas costas, perna, braço e orelha. “Eu estou destruído, mal consigo me mexer. Minha perna esquerda não se movimenta e meu ouvido esquerdo está sem audição até agora”, disse o jovem.

Foto: Reprodução/WhatsAppJovem mostra agressões na orelha e diz estar com audição prejudicada.

Levados à delegacia

Conforme o empresário, eles tentaram entrar no shopping para sacar dinheiro em um caixa eletrônico para pagar o transporte de volta para casa. Ao serem abordados, tentaram dialogar com os seguranças, sem sucesso.

“Concordamos que chamassem a polícia, afinal, a verdade viria à tona. Quando os policiais chegaram, tivemos a impressão de que eles e os seguranças eram amigos. Na delegacia, formos obrigados a assinar um termo circunstanciado, como se nós fôssemos culpados de algazarra, mas isso não é verdade. Disseram que se eu não assinasse, teria que passar a noite na delegacia”, afirmou.

De acordo com um dos rapazes impedidos de entrar no estabelecimento, nesta segunda-feira (8), acompanhados de uma advogada, eles vão registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Civil relatando o fato.

Posição do shopping

“Na noite de ontem (06/01), ocorreu um tumulto na área externa, gerado por quatro pessoas, que estavam gritando e cantando músicas com palavras e gestos ofensivos, comportamento este que gerou reclamações de clientes e população que passava no local. Os seguranças , quando observam que situações assim podem vir a causar danos maiores, inclusive entre clientes e os causadores, solicitam que os causadores moderem seus comportamentos, como foi o caso ontem, pedindo que os jovens parassem com a ação. Em resposta, foram agredidos, inicialmente de forma verbal e depois fisicamente pelos mesmos, que além da reação intempestiva, ainda seguiram para dentro do empreendimento onde novamente começaram a causar tumulto. Os jovens foram então contidos pela equipe do Beiramar Shopping até a chegada da polícia, que foi acionada e tudo registrado em boletim de ocorrência. As imagens das câmeras de segurança foram cedidas para a polícia e os seguranças do Beiramar Shopping passaram por exame de corpo e delito, comprovando as agressões por parte dos jovens. O shopping reitera que seus colaboradores são treinados para zelar pela segurança e pela ordem no local, evitando principalmente que grupos de desordeiros possam trazer para dentro do empreendimento situações de risco aos frequentadores – principalmente em épocas de turismo – onde não só a imagem do Shopping, como a da própria cidade, podem ser afetadas negativamente.”

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