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Vírus ‘primo’ do HIV é suprimido em estudos com macacos nos EUA

Da Associated Press

Foto: NIAID/AP

Imagem de microscópio eletrônico mostra célula T H9, em azul, infectada com HIV, amarelo.

Injetar partes de anticorpos em um indivíduo com o vírus da Aids poderia ser uma forma de ajudar combater o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) no futuro, apontam dois novos estudos publicados na revista “Nature” de quarta-feira (30).

Cientistas fizeram esse teste em macacos rhesus, que tiveram seus níveis do Vírus da Imunodeficiência Símia (SIV) – “primo” do HIV – reduzidos significativamente. A tática também poderia contribuir para destruir o vírus da Aids em seus “esconderijos” dentro do corpo, algo que os medicamentos atuais ainda não conseguem fazer.

Os anticorpos são proteínas no sangue que se agarram a micro-organismos específicos e os marcam para que sejam eliminados. Pessoas infectadas com o HIV produzem naturalmente anticorpos para combater o vírus, mas eles geralmente são ineficazes. Nessas pesquisas, porém, foram usadas versões de anticorpos raros, com grande potencial de destruição.

Um dos trabalhos – liderado por Dan Barouch, da Faculdade de Medicina da Universidade Harvard e do Centro Médico Beth Israel, em Boston – mostrou um profundo efeito a partir de uma única injeção de anticorpos. Ao todo, 18 macacos foram infectados com o SIV e, após uma semana de tratamento, 13 deles tiveram os níveis do vírus no sangue praticamente indetectáveis pelos testes padrões.

Foto: NIAID/AP

HIV cresce em células imunes humanas, que o vírus infecta e usa para se replicar.

Após os anticorpos terem se esgotado, porém, o vírus voltou. Isso ocorreu em um a três meses depois do tratamento. Apesar disso, em três animais que tinham os níveis mais baixos de SIV antes da terapia, o vírus não reincidiu durante um período de observação de até oito meses.

Segundo Barouch, os macacos não foram “curados”, mas o tratamento aparentemente melhorou o sistema imunológico dos bichos o suficiente para manter o vírus sob controle.

Dois outros macacos que tinham os maiores níveis de SIV ao começarem a receber cuidados tiveram a quantidade de vírus reduzida, mas não a ponto de se tornar indetectável.

De acordo com a pesquisa, os níveis de SIV caíram mais rápido nos macacos do que faria o HIV em humanos. Além disso, quando o vírus voltou, ele geralmente não retornou ao patamar pré-tratamento. Barouch também encontrou taxas mais baixas de SIV em células e tecidos após a terapia.

O outro estudo, coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde dos EUA, mostrou resultados animadores em um pequeno grupo de macacos.

Para o pesquisador Steven Deeks – da Universidade da Califórnia, em San Francisco –, que comentou os trabalhos na “Nature”, os resultados dos dois estudos são “provocativos” em relação às perspectivas para atacar os esconderijos do HIV.

“Esses estudos levantaram mais perguntas do que responderam. Mas é assim que a ciência avança”, disse.

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